processo de certificação em andamento …
Valores como “autonomia” e “colaboração” não valem só para internet, mas para agricultura. Em vez de dependerem de grandes auditorias, os agricultores da Rede Ecovida de Agroecologia conseguem seus selos de alimento orgânico fiscalizando uns aos outros. É um processo baseado em confiança, sem hierarquias — e potencialmente econômico. Enquanto a certificação por auditoria chega a R$ 3 mil anuais por agricultor, a participativa fica na média de R$ 80. O Selo da Ecovida é uma forma de expressão publica do trabalho que ela realiza. A Rede espera que ele seja reconhecido pelo consumidor como um selo que carrega um conjunto de valores e compromissos assumidos pela Rede, que não se resumem ao cumprimento da Lei e das características orgânicas ou ecológicas dos produtos. Preocupação com o meio ambiente para além das exigências legais, estímulo à organização das famílias produtoras, incentivo à transformação comunitária dos alimentos, prioridade aos circuitos curtos de comercialização, são alguns destes valores que pretendemos que o selo da Rede seja capaz de expressar.
Mais Informações em : http://ecovida.org.br/certificacao/
O que é agricultura orgânica e agroecológica ? Qual é diferença entre elas ?
A agroecologia vai além do ato de plantar. Ela acredita em uma visão holística do agroecossistema, associando e valorizando os fatores ambientais, econômicos, sociais, políticos e culturais.
Desta forma, as práticas agroecológicas se baseiam:
1) Na autonomia do agricultor ao acesso a terra, a água, do material orgânico para nutrir o solo e às sementes para a produção alimentos de qualidade, sem depender de recursos externos à sua propriedade para produzir, de forma harmônica com a natureza, resgatando e preservando valores culturais, ecológicos e sociais das comunidades.
2) No modelo do cooperativismo, na organização dos meios de produção, sem limite de escala de produção (pequena, média ou grande escala) e em sistemas produtivos complexos e diversos, adaptados às condições ambientais e sociais locais;
3) Na valorização da participação de todos os membros da família (mulheres, jovens e homens) nas diversas atividades da roça, tanto na produção agrícola, como no cuidado com o gado, com as sementes crioulas (sendo as guardiãs das sementes), com afazeres domésticos (limpeza e cozinha/alimentação), com a utilização e valorização das plantas medicinais, com o beneficiamento dos produtos produzidos na roça (queijo, cosméticos, geleias, etc.) e com a comercialização destes produtos.
4) Incentiva a comercialização em redes locais e regionais, através a venda direta dos alimentos, valorizando os produtos regionais e da estação. De forma a se tornar uma ferramenta de aproximação do produtor (agricultor) com o consumidor, sem a presença de atravessadores, como a CEASA e o supermercado. Isso representa a aproximação do campo com a cidade, com a valorização do trabalho do agricultor.
Já a agricultura orgânica visa somente à substituição de insumos sintéticos e tóxicos, como os fertilizantes e os agrotóxicos, pela a utilização de caldas orgânicas no combate a “pragas” e doenças, externo ou não à propriedade do agricultor. Porém, não se questiona sobre:
- A utilização de sementes transgênicas e/ou híbridas nos cultivos agrícolas.
- A comercialização do produto em escala nacional. Ou seja, aceita a venda de produtos orgânicos em qualquer região do país, mas não leva em consideração a questão do impacto do transporte desse produto.
- A importância de plantios diversificados. Ou seja, na agricultura orgânica pode ter sim canteiros de só um tipo de planta, como por exemplo, de alface. Desta forma, não leva em consideração os princípios da natureza.
- A autonomia do agricultor.
Desta forma, como na agricultura orgânica não se debate a importância de plantios diversificados, é aceito a produção de alimentos orgânicos nos moldes da agricultura convencional ou da monocultura, em que o objetivo principal é a busca constante de aumento de produtividade, sem a visão holística do agroecossistema.
É notório que a agricultura orgânica não visa o equilíbrio do agroecossistema, como na agroecologia. O equilíbrio está relacionado à biodiversidade, representada por uma diversidade de plantas, animais e microrganismos presentes no solo, o que contribui para o controle natural e biológico de pragas e doenças, reciclagem de nutrientes e decomposição (processos biológicos da natureza). Assim, ao utilizar diferentes espécies de plantas em um mesmo cultivo, os insetos não irão se alimentar de todas essas plantas cultiváveis, e sim de apenas algumas espécies, o que facilitará o controle dos mesmos, sem utilizar as caldas orgânicas, e não prejudicará a produção do agricultor.
Isso implica em uma dependência do agricultor durante todo o processo de produção, já que no modelo do orgânico, todo ano, o agricultor tem que comprar insumos orgânicos e materiais para produzir.
Estes exemplos privilegiam somente os fatores econômicos, deixando de lado as questões biológicas, espirituais e sociais e do equilíbrio entre esses fatores. Portanto, não se pode confundir agroecologia com “agricultura sem veneno” ou “agricultura orgânica”, já que a agricultura orgânica nem sempre debate todos os princípios e as dimensões da agroecologia.
Mais Informações em : https://mahe.com.br/sabia-que-alimentos-agroecologicos-sao-mais-saudaveis-que-os-organicos/